Endrick merece mais oportunidades

Endrick voltou a marcar com a camisa do Palmeiras, na partida deste último domingo, contra o Bragantino, pelo Campeonato Brasileiro. Apesar da derrota, a joia palmeirense fez uma boa atuação e agora chega a 5 gols pela equipe no Brasileirão, se tornando o vice-artilheiro, atrás de Raphael Veiga.

Endrick comemorando o seu gol contra o Bragantino – Foto:  Cesar Greco/Palmeiras

Abel Ferreira vem sendo muito criticado, e com razão, sobre as poucas minutagens que ele tem dado ao jovem de 17 anos. As críticas tiveram início no jogo contra o Corinthians, em que Endrick entrou aos 40 minutos da segunda etapa e mudou a cara da partida. Muito se questionou sobre o técnico ter demorado para colocar o jovem no Dérbi. As críticas cresceram ainda mais na última quinta-feira, no jogo contra o Boca Juniors, em que Abel colocou o jogador faltando 2 minutos para terminar a partida em La Bombonera.

No começo do ano, Abel tinha toda a razão em ter calma para escalar Endrick, até porque o garoto tinha subido a pouco tempo para o time principal do Palmeiras, e convenhamos que a realidade nas categorias de base para o profissional é completamente diferente, e claramente o jovem havia sentido essa diferença no começo do ano, enfrentando marcadores com mais idade e experiência no futebol. Então nada mais justo do que o Abel escalar jogadores “mais prontos” no ataque, que era Dudu, Rony e Artur. A ideia de Endrick entrando aos 25 ou 30 minutos da segunda etapa, ao meu ver, era muito boa. Era uma forma de Endrick ir pegando mais maturidade com o passar dos jogos.

Mas agora a situação mudou, desde a lesão de Dudu, o técnico português tem tido dores de cabeça em achar um substituto para o camisa 7, o elenco já é curto, então as opções de ponta são limitadas, tendo só os garotos da base e Breno Lopes como opções para substituir Dudu. Abel então tem insistido em uma formação com o lateral Mayke fazendo a ponta direita e Artur passando para o lado esquerdo, explorando um 3-4-1-2 ou um 4-2-3-1. O treinador não foi feliz com o esquema, o time perdeu e muito com a criação de jogadas ao gol, apenas usando e abusando dos cruzamentos aleatórios na área, tanto que no mês de setembro, a equipe Alviverde só balançou as redes apenas uma vez.

Perguntado no último jogo contra o Boca sobre não utilizar Endrick juntamente do Rony, Abel respondeu com outra pergunta ao repórter sobre “quem iria ser o ponta esquerda? Porque o Rony não joga de ponta”, o que não é verdade, já que Rony inicialmente era um ponta e que foi adaptado como centroavante pelo próprio treinador, o camisa 10 do Palmeiras chegou até a ser convocado e utilizado na Seleção Brasileira como ponta. Sem falar que Abel Ferreira já testou Endrick e Rony juntos, inicialmente com o camisa 10 fazendo a ponta esquerda e o camisa 9 de centroavante, mas dependendo da situação apresentada na partida, ambos chegavam até a trocarem de posições.

Hoje em dia no Brasil é muito difícil uma grande revelação ficar no país até os 20 anos, o último foi Neymar, em 2013, quando saiu com 21 anos do Santos para o Barcelona.

Nesta passagem de 10 anos, craques como Vinicius Jr e Rodrygo foram vendidos entre os 16 e 17 anos de idade ao Real Madrid. Vitor Roque e Endrick, as atuais grandes revelações do futebol brasileiro, também já foram vendidos nesta faixa de idade.

É compreensível que um atleta que veio da base tenha um período de adaptação para amadurecer no futebol profissional, e é necessário que tenha. Mas deixar de utilizar o atleta, sabendo que ele pode mudar a partida é um risco e um total desperdício de talento para o clube. Endrick merece sim mais minutagens e ele já deixou claro isso nos últimos jogos que entrou. Também não acho nenhuma loucura dele poder estar entre os 11 iniciais contra o Boca Juniors, nesta quinta-feira.

Publicado em: 3 de Outubro, 2023 por Matheus Rocha

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