Corinthians: votação do impeachment de Augusto Melo é suspensa após liminar
Decisão foi comunicada quando Conselho Deliberativo já estava reunido; presidente levou documento ao mandatário do órgão, que suspendeu encontro desta segunda-feira
A votação do processo de impeachment do presidente do Corinthians, Augusto Melo, foi suspensa antes mesmo de começar, nesta segunda-feira (2), após o mandatário conseguir uma liminar e levá-la à quadra do Parque São Jorge.
A decisão judicial saiu por volta das 19h, quando os conselheiros do clube já estavam reunidos no Parque São Jorge.
A liminar foi concedida pela desembargadora Clara Maria Araújo Xavier, que se baseou essencialmente no relatório da Comissão de Ética e Disciplina do Corinthians. O órgão recomendou a suspensão ou arquivamento do processo enquanto não houvesse o fim do inquérito policial que investiga possíveis ilegalidades no contrato de patrocínio do clube com a VaideBet.
Augusto Melo comemora suspensão da votação
Após entregar a liminar nas mãos do presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., Augusto Melo aguardou a suspensão da reunião extraordinária antes de se posicionar sobre a vitória judicial.
“Gostaria de agradecer a presença de todos os conselheiros. Espero que isto seja superado. O Corinthians está em uma caminhada diferente de tudo que está acontecendo, e peço ajuda de todos vocês dessa gestão para tirar o Corinthians dessa situação. Vai Corinthians!”, proferiu o presidente.
Romeu Tuma Jr. também se pronunciou e disse que o clima de ameaça contra o Conselho era “inconcebível”. “Está suspensa a reunião e ela vai ser remarcada em um momento oportuno”, anunciou ele.
Após o discurso de Augusto Melo, conselheiros e membros favoráveis à permanência do presidente entoaram o canto “não vai ter golpe”.
Clima de tensão no Parque São Jorge
O clima nas redondezas do Parque São Jorge, nesta segunda-feira (2), era de total tensão antes da votação do processo de impeachment de Augusto Melo, presidente do Corinthians.
Com um esquema de segurança fortíssimo, o contingente policial na sede social do clube é o dobro de dias de jogos: 480 policiais acompanham de perto os torcedores que protestam. Tropa do choque e a cavalaria da Polícia Militar do Estado de São Paulo estão presentes.
Os torcedores que foram ao clube protestar estão isolados a um quarteirão da entrada do Parque São Jorge e entoam gritos contra o impeachment do presidente, que consideram “golpe”.
“Não vai ter golpe!” e gritos contra os ex-presidentes Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves e o presidente do Conselho Deliberativo Romeu Tuma Jr. são entoados pelos torcedores presentes.
Entenda o processo
Embora se baseie em argumentos jurídicos, o processo de impeachment é essencialmente político. O estatuto do Corinthians determina que são motivos para destituição:
- a) ter praticado crime infamante, com trânsito em julgado da sentença condenatória;
- b) ter acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians;
- c) não terem sido aprovadas as contas da sua gestão;
- d) ter infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária;
- e) prática de ato de gestão irregular ou temerária.
O pedido de impeachment de Augusto Melo se baseia primordialmente nas supostas irregularidades do contrato com a VaideBet, que ainda está sob investigação da Polícia Civil.
Desta maneira, o novo processo, que também pode gerar o impeachment de Augusto Melo, está oficialmente aberto. Diferentemente do requerimento que seria votado nesta segunda, a solicitação do Cori não depende de investigação.
Publicado em: 2 de Dezembro, 2024 por Kawan Noleto